domingo, 27 de março de 2011

VIPs


"Quem você quer que ele seja?" é a frase do cartaz de "VIPs", filme do diretor estreante Toniko Melo, estrelando Wagner Moura. O longa-metragem tem como enredo a famosa história de Marcelo, mestre em imitar e se passar por outras pessoas, que sonhava em viajar o mundo como um piloto de avião; ao sair de casa, o jovem usou seu talento natural e arrumou emprego em um pequeno aeroclube, algum tempo depois, já era o piloto clandestino mais famoso das pistas de pouso paraguaias. Mas o clímax do filme acontece quando Marcelo resolve fingir ser o filho do dono da companhia aérea Gol durante o carnaval do Recife. Marcelo, Carrera, Drummond, Bizarro, Henrique Constantino... Talvez a frase certa para o filme seja: Quantas personalidades alguém pode usar para mascarar quem realmente é? Ou seria para descobrir quem realmente é? A produção trata justamente disto, de máscaras, e cada umas delas é uma peça fundamental para formar a aura de insanidade e esquizofrenia que cerca o protagonista. "VIPs" tem um excelente roteiro e traz alguns experimentalismos interessantes com a câmera - além de contar com a sempre excelente atuação de Wagner Moura - mas peca por caricaturar demais em certos pontos, como na caracterização do personagem. Por fim, o filme guarda algumas surpresas para o final e é recheado de mensagens que dependem da sensibilidade do público para serem captadas. Eu indico!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Bravura Indômita


Quem pensava que os irmãos Coen eram mestres apenas do humor negro e da ironia, se surpreendeu quando o brilhante faroeste "Onde Os Fracos Não Tem Vez" devolveu a dignidade ao cinema dos diretores em 2007. E ao que parece, Joel e Ethan Coen decidiram se aventurar mais uma vez no estilo, desta vez com "Bravura Indômita" - baseado no romance de 1968 do jornalista Charles Portis, já filmado em 1969 por Henry Hathaway. A história gira em torno de Mattie Ross (Hailee Steinfeld), de apenas 14 anos, em busca de vingança pelo assassinato do pai a sangue frio por Tom Shaney (Josh Brolin). Ela contrata o federal beberrão Reuben J. Cogburn (Jeff Bridges) para encontrar o assassino em território indígena; a dupla, por sua vez, precisa encontrá-lo antes de La Boeuf (Matt Damon), um policial do Texas que está à sua procura devido ao assassinato de outro homem. É, sem dúvidas, um grande filme, com excelentes roteiro, figurindo, cenários e elenco. Mas é um filme para cinéfilos se esbaldarem com as tomadas cinematográficas geniais; pela grande maioria do público, a produção será classificada entre chata e entediante - e isso acontece por dois principais motivos: o longa realmente demora um pouco para engrenar e a atuação da garota Hailee Steinfeld é extremamente cansativa, pesada e irritante. 'Bravura Indômita' então se mostra mais como uma confirmação do talento dos Coen para o gênero Faroeste depois do (muitas vezes melhor) 'Onde Os Fracos Não Tem Vez'. O filme obteve 10 indicações ao Oscar e não faturou a estatueta em nenhuma - porque, de fato, não merecia nenhuma - mas está recomendado por ser uma produção de muito alto nível e ser uma verdadeira raridade dentro do cinema dos Irmãos Coen: um roteiro sem cinismo. Recomendado!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O Vencedor


Como já virou moda, o Oscar deste ano também traz seu "filme de boxe"; sabe aquele típico filme de superação, ambientado no universo das lutas de boxe? É dele mesmo que estou falando! Diz respeito à produção "O Vencedor", do diretor David O. Russell, que concorre a 7 categorias da cobiçada premiação. Treinado por seu meio-irmão Dicky Ecklund (Christian Bale) - uma lenda do boxe que desperdiçou o seu talento devido ao vício do crack - e se mostrando um verdadeiro fracasso em suas lutas, Micky Ward (Mark Wahlberg) terá que escolher entre seus familiares e a vontade de ser um verdadeiro campeão. Após a prisão do irmão e um documentário humilhante exibido na HBO, Mick vai atrás de se tornar um novo campeão e superar as conquistas de Dicky. O enredo pode ser um tanto previsível superficialmente, mas o segredo do filme está em suas profundezas: está em imaginar o quão miseráveis são aquelas vidas retratadas nas telonas, o quanto os próprios personagens estão cientes disso, o quanto querem mudar isso e torcer pra que dê tudo certo no final. "O Vencedor" foi inspirado em uma emocionante história real; é sim, um cenário já saturado, mas que carrega aquela velha mensagem presente em muitos e muitos filmes e que é "insaturável" - a de conquistar os próprios sonhos; afinal, esperança nunca sai de moda. Recomendado!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei


"O Discurso do Rei" relata a história verídica do Rei George VI, que assumiu o trono inglês em 1936, mas precisa superar sua maior dificuldade: a gagueira - um problema muito sério, visto que um integrante da realiza britânica frequentemente precisa fazer discursos. Para isto, o rei recebe o auxílio do especialista em discursos, Lionel Logue; que com o tempo, torna-se seu amigo. E ninguém melhor do que Vossa Alteza o ator Colin Firth para interpretar de maneira excepcional o monarca, não? Que ainda contou com a companhia do enorme talento de Helena Bonham Carter e Geoffrey Rush, nas peles da esposa Elizabeth e do especialista Lionel Logue. Logo nos momentos iniciais do filme, as analogias com "My Fair Lady - Minha Bela Dama" de 1964, são inevitáveis - ambos os filmes trazem mestres da linguagem oral lecionando protagonistas com dificuldade na fala. Todavia, ao desenrolar da trama, as relações entre os filmes vão ficando cada vez menos estreitas, devido ao fato de que "O Discurso do Rei" não se trata de um romance, uma comédia ou um musical, e pelas evidentes diferenças no roteiro em si; "O Discurso do Rei" é um drama, no qual estão presentes algumas cenas de alívio cômico sutis na dosagem exata (para não ofuscar a seriedade do enredo). É, sem dúvida, um grande filme (destaque para a fotografia e os cenários) e o favorito ao prêmio de Melhor Filme da Academia. Pessoalmente, creio que 12 indicações ao Oscar foi um certo exagero; mas qualquer categoria ganha será bem merecida. Assistam!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Cisne Negro


Depois de "Closer - Perto Demais", pouquíssimas pessoas ainda duvidavam do talento de Natalie Portman; depois de "Cisne Negro" certamente não haverá quem ainda o questione. A atriz de origem israelense está implacável em seu novo filme e, sem exageros, podemos classificar sua atuação como nada mais e nade menos que perfeita. Em "Cisne Negro", Portman interpreta a bailarina Nina, que conseguiu o papel principal de Rainha dos Cisnes no espetáculo "Lago dos Cisnes"; Nina não encontra problemas em interpretar o Cisne Branco: ela é inocente, precisa, rígida e com movimentos milimetricamente calculados; mas a bailarina precisa ir em busca da sua própria sensualidade para se "deixar levar" e interpretar o Cisne Negro. Pressionada pelo mundo em sua volta e, principalmente, por si mesma, a jovem então mergulha num mundo psicótico no qual as palavras-chaves são autoconhecimento, perfeccionismo, paranóia e muita dedicação. O diretor Darren Aronofsky elaborou um drama psicológico impecável, e que ficou mais genial ainda por conter a medida certa de beleza, sensualidade e suspense. As indicações ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor, além dos prêmios técnicos de Edição e Fotografia, foram muito bem merecidas, embora seja um tanto difícil "Cisne Negro" desbancar filmes como "O Discurso do Rei" e "A Rede Social". Todavia, um prêmio já pode ser praticamente considerado ganho: o de Melhor Atriz para Natalie Portman. Confiram esta verdadeira Obra de Arte!

A Rede Social


O vencedor de 4 Globos de Ouro e indicado a 8 prêmios Oscar, "A Rede Social", leva às telas um roteiro brilhante, uma direção genial e ótimas performances. O filme é baseado no livro "The Accidental Billionaires", de Ben Mezrich, que conta a origem do site, hoje mundialmente conhecido e acessado, Facebook. É interessante observar que, dentro do objetivo do diretor David Fincher, se encontra a temática quase (mas não totalmente) camuflada da influência das relações virtuais via rede social nos relacionamentos de fato pessoais e, até mesmo, o mau uso da internet. Dentre muitos pontos fortes do longa, três se destacam: a trilha sonora delicadamente pensada nos mínimos detalhes e que se encaixa de forma extraordinariamente coerente com as cenas; a atuação de Jesse Eisenberg como Mark Zuckerberg; e a primeira cena, com Zuckerberg falando compulsivamente e exaustivamente com sua namorada e White Stripes tocando ao fundo. Fica a dica: assistam "A Rede Social", é um exemplo de qualidade do cinema contemporâneo e é um concorrente de peso contra o favorito "O Discurso do Rei" na categoria de Melhor Filme.


Obs.: Desculpem pela demora deste post!

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

De Pernas Pro Ar


"De Pernas pro Ar" traz a talentosíssima Ingrid Guimarães no papel de Alice, uma executiva de marketing moderna extremamente focada em sucesso e ascensão profissional. Após ser demitida e largada pelo marido, Alice conhece Marcela (Maria Paula), dona de um Sex Shop que a apresenta ao verdadeiro mundo do prazer e do sexo. A partir daí, a protagonista passa a se utilizar de suas habilidades profissionais para transformar a lojinha 'fuleira' em um bem-sucedido mercado. A trama não é um poço de originalidade, ela carrega consigo uma série de clichês, mas tais previsibilidades são camufladas pelo excelente trabalho de Ingrid Guimarães. É devido à atriz que muitas risadas (e até gargalhadas) são arrancadas do público; durante todo filme, foi ela quem se encarregou de levar todo o humor aos espectadores – e, claro, cumpriu a tarefa excepcionalmente. Por isso, "De Pernas pro Ar" está recomendado!